sexta-feira, 30 de julho de 2010

Hoje não vou reciclar.

Ah, foi hoje. Na verdade era pra ter sido há muito tempo, mas foi hoje. Foi hoje dentro de mim. Como se um balde de água benta inundasse meu corpo todo. Por dentro. Por fora. Por dentro. Nessa madrugada fria, sento-me novamente para escrever pra você. Não exatamente pra você. Pra mim. De mim pra mim. Eu mereço. E eu não espero mais que você bata na porta, que o telefone toque, que uma carta chegue. Eu não espero mais. Eu devia escrever uma carta e lhe mandar pelo correio, relatando formalmente tudo isso. Mas não, isso me daria mais trabalho e um custo mínimo que não paga o que me deve. É pouco. E é muito pra quem você é. Eu olho pra tudo aquilo e me pergunto: - Como? Como eu pude? Minha sanidade, onde estava, hein? É duro, viu. Não, não, eu não estou com raiva de você. Veja este sorriso nos meus lábios? Vê? Não há raiva, não há amor, não há saudade. Não há nada. Nada atual. Há as lembranças, mas mesmo estas vão escasseando e em breve será difícil de reconhecer seu rosto nas fotografias. Creio que não há um culpado para isso. Não há nada errado, está tudo bem. Há tempos eu não dizia isso. Está tudo bem! Você me ouve? Ah, que delícia. Eu posso sentir o gosto do "Não me importar com você". É bom. Me lembra o doce de banana da vovó. Tem gosto de vida, sabe? Vamos falar verdades, vamos jogar sorrisos pro ar. Eu estou livre. Livre livre livre. O que você faz não me atinge. O que você diz não me afeta. E não é como aqueles monólogos de auto ajuda do tipo: Eu me amo, eu sou bonita, eu posso, eu consigo. É uma chuva de realidade molhando a sua cara e lavando toda a lama. É uma faxina na casa toda, recolhendo o lixo. Guardei o que me fez bem, lembrarei o que foi bom. E o resto, amassa e joga fora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário