sábado, 29 de janeiro de 2011

Diário Feminino I

Um tinha medo de se magoar, outro tinha saído de um relacionamento recentemente, mais um queria "curtir a vida", aquele lá tinha se traumatizado há tempos e não havia se curado, sem contar com o que sumiu na poeira como um fantasma.
Mas o que ninguém sabia, é que ela já tinha se magoado muito, mas ainda com toda a mágoa - curada e não curada - possuía uma - não exclusiva - capacidade de ser agradável e de "curtir a vida". Tinha passado por não um, mas vários traumas e vencia a cada nascer do sol a vontade de desaparecer deste mundo. E ainda assim sorria. Diante das desculpas esfarrapadas ou dos problemas sinceros - sabe lá - passou a viver apenas para si e fechou seu coração para balanço.

Até

Depois de pular todas as pedras do caminho e continuar a caminhar com os pés sangrando; depois de ouvir palavras mais hostis e afiadas que sete punhais e continuar a dizer palavras doces; depois de mandar cartas e mais cartas de amor e receber silêncio e vácuo como resposta, ela parou de caminhar, de dizer palavras doces, de mandar cartas de amor, sentou-se a beira da estrada e pôs uma pedra onde outrora estivera seu coração, jogando-o longe, além de onde os olhos podem enxergar:

- Isto não me serve mais.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Eu não penso. Só sinto e escrevo. Mas não conta pra ninguém.


CARVALHO, Pâmela

Fogo que arde sem se ver

O amor dói, machuca, fere. Essa merda dilacera a alma e deixa o pobre do coração mais exposto ainda. Mais vulnerável a amar novamente e a sofrer novamente. Você não entende, é tudo um labirinto de onde nunca se sairá. E voltarás ao mesmo ponto. De novo e de novo. Ah, o amor, esse augúrio tácito de prazer e de dor. Essa tortura voluntária, essa droga lícita. E cá estamos nós, como loucos, viciados, masoquistas, conscientes que o amor doí, mas buscando cega, louca e incessantemente pelo gosto de vida que só ele traz.


CARVALHO, Pâmela.

Sabedoria Materna I

Hoje disse à minha mãe: Não falo palavrão. Só os escrevo.
- E de que adianta, pequena? Se é só quando escreves, que é realmente quem gerei. Essa outra aí, é casca.


CARVALHO, Pâmela.
Se não entendes o que lhe digo, tampouco mereces minhas palavras.


CARVALHO, Pâmela.

Que sonorize

Dei pause naquela canção. Na verdade queria dar stop, mas a vitrola trava toda vez que tento fazê-lo. A fita engasga, o disco arranha, o botão trava. E o som parece voltar, o sentido é de trás pra frente. Tudo de novo e de novo. Eu quero é saber quando esse disco velho e arranhado vai parar de sonorizar meus dias. Eu quero é saber quando vou deixar de acordar e dormir ouvindo aquela canção. Dar pause não adiantou. Ela continua a tocar. Aqui. Aqui, bem dentro de mim. Onde não posso tocar, mas posso ouvir. E não posso tocar para que eu não jogue as notas musicais uma a uma para o ar. Para que voem, e virem músicas talvez. Pro ouvido de outro alguém.